“Retrato da Senhora Peretz Hirshbein”

“Retrato da Senhora Peretz Hirshbein”

Chana Orloff

Nas primeiras décadas do século XX, Paris era como um ímã, atraindo artistas de todo o mundo que iam para estudar, exercer sua arte livremente sem quaisquer restrições religiosas ou étnicas, e apreciar o ambiente cosmopolita. Entre esses estrangeiros havia um grupo extraordinário de judeus, muitos vindos da Europa Oriental, que trouxe contribuições impressionantes para a arte modernista francesa. Por volta de 1913, esse contingente judeu, que fazia parte da Escola de Paris, incluindo Elie Nadelman da Polônia, Marc Chagall da Rússia, Jacques Lipchitz e Chaim Soutine da Lituânia, Sonia Delauny-Terk e Chana Orloff da Ucrânia, criou fortes laços pessoais e profissionais.

Orloff chegou em Paris em 1910 via Palestina, onde sua família tinha se instalado, e rapidamente entrou no círculo vibrante de artistas em Montparnasse. Suas elegantes esculturas estilizadas em madeira e bronze, caracterizadas pelo volume simples, pelas linhas líricas e pelas superfícies suaves e arredondadas, criaram uma grande demanda por retratos. Por volta de 1920, ela já fazia muito sucesso como retratista de muitos parisienses e da elite cultural. Ela absorveu os princípios da avant-garde do cubismo, além de influência predominantes da arte clássica.

Em 1924, Peretz Hirshbein (1880-1948), um dramaturgo e romancista iídiche conhecido por seu romance pastoral Green Fields, encomendou retratos de si mesmo e de sua esposa, a poeta iídiche Esther Shumiatcher (1899-1985), a Orloff. O casal havia se casado em 1920 e viajado ao redor do mundo por dois anos, uma viagem que mais tarde seria narrada em seu livro A Volta ao Mundo e em sua coleção de poesia No Vale.

O “Retrato da Senhora Peretz Hirshbein” mostra as superfícies lisas, característica das obras da artista a partir deste período. Orloff captura a inteligência e a intimidade da retratada por meio de suas maçãs do rosto, altas e angulares, e de sua cabeça ligeiramente inclinada. A artista transmite seu contínuo interesse na moda, modelando a refinada gola de marinheiro no vestido da Senhora Hirshbein e o enfeite de serpentina em seu cabelo. No busto, sobrancelhas salientes, olhar penetrante e boca firme transmitem a profundidade de sua personagem.

Um ano após a finalização desta obra, Chana Orloff se tornou uma cidadã francesa e foi nomeada Cavaleira da Ordem Nacional da Legião de Honra. Em sua longa e prolífica carreira, ela produziu mais de três centenas de retratos de artistas europeus e israelitas proeminentes, escritos e políticos, além de outros temas populares como o equestre, a dança, as crianças e a música.

Adaptado de: BERGER, Maurice et al. Masterworks Of The Jewish Museum. Nova York: The Jewish Museum, 2004, p. 216-217.

Data

1924

Coleção

Coleção Museu Judaico de Nova York

Técnica

Bronze.

Dimensões

61 × 35,6 × 23,5 cm

Direitos Autorais

Museu Judaico de Nova York


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